sábado, 4 de maio de 2024

A Coerência Textual

 A coerência textual é um elemento essencial para a redação.

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Coerência é a ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto. É o instrumento que o autor vai usar para conseguir dar um sentido completo a ele.

Em uma redação, para que a coerência ocorra, as ideias devem se completar. Uma deve ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de ideias entre as frases, elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve um quebra de coerência textual.

A incoerência de um texto pode ser observada por um falante da língua, mas não é tão fácil identificá-la quando estamos escrevendo. Pode-se dizer que um texto é incoerente quando o entendimento dele é comprometido. Na maioria das vezes, esta pessoa está certa ao fazer esta afirmação, mas não podemos achar que as dificuldades de organização das ideias se resumem à coerência ou à coesão. É certo que elas facilitam bastante esse processo, mas não são suficientes para resolver todos os problemas.

 Coerência - FEC 

Dicas Úteis 

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1) Manter a ordem cronológica: não se deve relatar antes o que ocorre depois, a não ser que se pretenda criar um clima de suspense ou tensão (mas nunca esquecendo que, no final, a tensão deve ser resolvida).

2) Seguir uma ordem descritiva: isto é, seguir a ordem em que a cena, o objeto, o fato são observados, dos detalhes mais próximos para os mais distantes, ou vice-versa; de dentro para fora; da direita para a esquerda etc.

3) Uma informação nova deve se ligar a outra já enunciada: à medida que o texto avança, as novas ideias devem se relacionar às antigas, de maneira que todas permaneçam interligadas.

4) Evitar repetições: uma ideia já enunciada pode ser repetida – e, em alguns casos, é imprescindível que isso ocorra –, mas desde que acrescentemos uma informação nova ao raciocínio, um novo elemento, capaz de aclarar ainda mais o assunto de que estamos tratando. Ou seja, devemos evitar redundâncias: à medida que escrevemos, o texto se amplia graças à agregação de novas ideias, e não porque insistimos no que já foi tratado ou usamos um excesso de palavras.

5) Não se contradizer: uma tese exposta e defendida no início não pode ser atacada no final do texto. Se o objetivo do autor é discutir sobre diferentes argumentações em torno de um mesmo tema, deve deixar claro quem defende qual ideia. Nesses casos, todo cuidado é pouco: a contradição não deve ser assumida pelo autor, mas sim, surgir da diversidade de opiniões.

6) Não escamotear a realidade: um dado concreto, real, só pode ser contestado com base em investigações científicas. Um fato de conhecimento público pode ter novas versões, mas com base em depoimentos fidedignos. Encobrir a realidade com rodeios ou subterfúgios, apenas para dar maior veracidade a uma ideia, acaba sempre comprometendo a qualidade do texto e, às vezes, abalando a reputação do autor.

7) Evitar generalizações: afirmar, de forma infundada ou não, que algo é verdadeiro em grande parte das situações, ou para a maioria das pessoas, demonstra falta de argumentos ou preconceito do autor.

Comunicação em prosa moderna, Othon M. Garcia,
14ª edição, Editora da Fundação Getúlio Vargas.

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

quinta-feira, 25 de abril de 2024

A fim ou Afim?

Afim ou a fim: qual é a diferença?

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Surgiu a dúvida? Não sabe se é uma palavra só ou se são duas?

A primeira dúvida a ser extinta: “a fim” é escrito junto ou separado? Para os sentidos que usamos mais, “a fim” se escreve separadamente: 

 

1 – Finalidade

Pode ser substituído por “para” e “com o fim de”.

Estamos economizando dinheiro, a fim de viajarmos no final do ano.

Os cortes foram feitos a fim de evitarmos uma crise ainda maior.

Eu estudei a fim de tirar a nota máxima, mas isso não aconteceu.

Repare: na verdade, “a fim”, separado, faz parte de uma locução prepositivaa fim de.

 

2 – Demonstração de interesse

Coloquialmente, usamos “a fim de” no sentido de “estar com vontade de”, “desejar”, “querer”. E sempre precedido do verbo “estar”.

Eu estou a fim de ir ao cinema, mas se quiser, podemos ficar em casa.

Não estou a fim de viajar com pessoas que não conheço.

Pela sua expressão, você não está a fim de ir para a festa.

 

“Afim” também existe. Mas quase nunca usamos, porque faz parte de uma linguagem bastante formal. É um adjetivo como “pequeno”, “bonito”, “estranho”. “Afim” é sinônimo de “semelhante”, “igual”, “parecido”.

Eu e meu irmão nos damos bem, pois nossas ideias são bastante afins. Ou seja, “ideias parecidas”.

Aqui na empresa, a minha função e a sua são afins, portanto, posso ajudá-lo em qualquer dúvida. Ou seja, “minha função e a sua são semelhantes”.

Talvez fique mais fácil se você pensar assim: “a fim”, separado, é usado quando se tem “de” depois. Então, sempre teremos três elementos: a + fim + de. E posso apostar que “afim”, junto, será muito mais difícil de você e eu usarmos.

 http://escreverbem.com.br/

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Argumentação x Exposição

 O que é e como fazer uma dissertação-argumentativa? - UNICEPLAC

 https://www.uniceplac.edu.br/

I – Semelhanças

– A estrutura clássica Introdução-Desenvolvimento-Conclusão se mantém;

– O leitor também deve ser considerado como sendo alguém leigo no assunto (mais uma vez, não se prendam ao fato de que corretores avaliarão seus textos, já que eles estão apenas checando se o texto foi bem feito, mas não são necessariamente o público alvo), que terá se informado de forma satisfatória ao terminar a leitura daquela dissertação expositiva;

– Aqui a linguagem formal também é necessária, e a neutralidade ainda mais exigida, já que não haverá opiniões e posicionamentos do autor. Evitem a todo custo a primeira pessoa e desenvolvam a produção completamente na terceira;

– Mesmo sem a opinião do autor embutida, a dissertação expositiva também exige que a sequência de informações seja feita de forma lógica (não faz sentido mencionar porcentagens altas relacionadas à violência e logo em seguida tentar minimizar a questão com comparativos e índices baixos de regiões mais seguras, por exemplo. Nesse caso, seria necessário outro parágrafo com índices comprovando que em algumas regiões a violência não é tão alta e por isso os números puros nacionais poderiam ser assustadores, mas não necessariamente mostrar uma realidade exata).

II – Diferenças

– Em uma dissertação expositiva, não haverá um posicionamento por parte do autor, uma tese a ser defendida. Não somos neutros em nenhum momento, já que nossas experiências de vida, convivências e personalidade definem nossa visão de mundo, então até mesmo uma simples lista de índices pode ser “tendenciosa”, já que a ordem e a escolha dos mais relevantes podem ser direcionadas por nossas visões e preferências, por exemplo. No entanto, é bom tomar o máximo de cuidado para não nos posicionarmos em uma dissertação expositiva e nos concentramos em fornecer índices, informações e fatos acerca do assunto, tratando de deixar o leitor a par do maior número possível de aspectos relacionados ao tema, sem inserir opiniões;

– Em algumas dissertações argumentativas pode haver exigência de propostas de solução para a problemática em pauta (caso do Enem). Na dissertação expositiva isso não ocorrerá de forma alguma partindo do autor do texto. Poderá haver apenas a menção a soluções já existentes e seus efeitos e/ou propostas já feitas por outras pessoas (projetos de lei, por exemplo);

– Ao deparar-se com temas que incitam mais debate, o autor deve concentrar-se apenas em expor as opiniões vigentes, sem pesar a “melhor” na opinião dele.

https://www.infoenem.com.br/

Paulo Jorge de Jesus
Professor Especialista em Língua Portuguesa